quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

serena.

Sempre pensei na serenidade como uma coisa boa, como equilíbrio, um ponto de paz. Mas só agora me dou conta de que a linha que separa a serenidade da tristeza é tênue demais...
Passei do estúpido sorriso de complacência para a sonolência que precede a tristeza e, dessa para os olhos vagos tão familiares seguidos pelo vazio no peito e na boca do estômago.
Mas a tristeza não é má, nem desesperadora, uma vez que se aprende a controlá-la. No meu caso, recebo-a como velha amiga, num estado quase reconfortante.
Home Sweet Home.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

longe de casa.


A cada minuto as lembranças doces parecem ficar cada vez mais longe de minhas mãos. O céu nublado e o ar gelado em meus pulmões fazem meu sangue pulsar pesadamente. Posso ouvi-lo em meus ouvidos, sussurrando palavras que eu finjo não conhecer.
Quando olho para trás, não consigo identificar qual foi o momento em que meu caminho foi distorcido desta maneira. Cicatrizes recentes, ou inscrições antigas, não importa. O que se faz presente agora é a angústia de ter me perdido assim. Como fui parar tão longe de casa? Como pude permitir? A menininha loira de olhos curiosos se foi. Só restou este buraco dentro de mim.
Ter a própria identidade roubada me leva a extremos de inquietude. Anseio por mudança, semeio impotência, apenas rezo para que algo mude. Mas juntar as mãos e fechar os olhos não tem mais sentido algum, uma vez que a inocência que me fazia acreditar se esvaiu.
De qualquer maneira, ainda espero por um despertar. Por um insight que direcione atitude, que me arranque dessa rede de mentiras, que traga de volta aquela menina.

um breve tutorial sobre mentiras.


Cultivar uma mentira exige tempo, dedicação. Ainda mais quando se mente para si mesmo.
Você precisa saber quando fazer os ajustes certos, tem que se lembrar a todo momento de como sorrir da maneira correta, que tom de voz usar para ser convincente. Você precisa agir constantemente como a pessoa forte que decidiu ser, um dia você acabará acreditando. E se ninguém colocar em risco essa pequena mentira que sustenta toda a sua vida, que mal pode haver?
Autoconfiança. Esse é o segredo. Você precisa se focar em um ponto fixo e seguir para o seu objetivo. Tão simples quanto andar de salto alto. Se não existir autoconfiança no seu repertório, não se preocupe, pode mentir sobre isso também.
Logo você começará a ser dissimulado com uma naturalidade tão leve e convincente, que será impossível distinguir a mentira da vida real. E este é o nosso objetivo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ela não sabe dizer "não".

É realmente fácil abraçar uma ideia que não é sua. Algo que não exigirá esforço, que vem acompanhado de palavras bonitas e trilha sonora romântica. Aceitar. Não reagir. Como uma vítima de seu próprio destino. Não tomando parte em erros fatais.
Mas de que vale continuar arrastando comigo todos esses corpos que se juntaram a mim pelo caminho? Que covardia é essa que não permite que eu me afaste dessas poucas palavras, desses apegos sem sentido?
O problema repetidamente é identificado, remoído, trazendo a culpa e fazendo-me sangrar. Mas que escolha estúpida é essa de permanecer a tropeçar?
A angústia permanece dentro do peito, fazendo as memórias espiralarem diante de meus olhos, sorrindo maliciosas e apontando seus dedos para mim. Faço planos fantasiosos de como me livrar da responsabilidade, não me dando conta de que fugindo, me perco cada vez mais além nesse labirinto sem fim.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

trilhas.

Planos, metas, preto no branco. Primavera, verão, outono e inverno, necessariamente nessa ordem. Sob controle.
Então a vida te leva sem aviso, te puxa pela mão e você se descobre completamente - deliciosamente -  desprotegido, sem considerar os custos da desproteção.
As pessoas são feitas de carne e osso, encantam e se encantam, se decepcionam, mudam. Quem se propõe a entrar na dança está exposto a toda a sorte de tropeços que se fazem presentes nessa estrada. Mas é preciso se certificar de que não vai se arrepender dos caminhos que escolheu trilhar, antes de arriscar. 
O que não contaram, é que quando você permite que adentrem - mesmo que superficialmente num primeiro momento - em sua concha de proteção, a rede de mentiras ao seu redor começa a ser despedaçada, mesmo que não esteja preparado para isso. Não contaram que juras de amor eterno gravadas na pele podem ser desorientadoras, mas não são tão intrigantes quanto o coração descompassado que só uma contradição pode proporcionar.


"Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa realmente gostar, ela volta.
Nada de drama."
                                    - Arnaldo Jabor

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

noite.

Quando as luzes se apagam e chega a hora de ajeitar as cobertas mais para perto do corpo, quando o medo sussurra gentilmente em seus ouvidos e te abraça com garras macias, é o momento em que as lembranças começam a criar vida e movimento. Começo a procurar entre as partes despedaçadas da minha alma o primeiro sintoma de que algo estava errado, quando a realidade deixou de existir para se transformar neste cruel pesadelo.Me vejo em uma dança doentia, sem saber dizer o que machuca mais, o antes ou o depois. A privação de sono misturada com a nuvem que bloqueia minhas funções motoras fazem com que eu não consiga identificar o que é real e o que é fantasia, aumentando a velocidade dessa dança, me deixando cada vez mais vazia.
E é vazia de mim que começo a assimilar os fatos e a me responsabilizar pela frieza de todas essas atitudes, que são como o sangue que pulsa sob a ferida fresca, ardendo enquanto a lâmina ainda repousa sobre a pele e você se amaldiçoa por não ter tido a coragem para cortar fundo o suficiente.

domingo, 26 de agosto de 2012

onde se perdeu a fé cor de Carmim?


Mais uma vez me desfaço nesse familiar estado de melancolia, tento escolher bem as palavras para não passear pelos assuntos que rondam minha mente a cada minuto, me contradigo e me escondo de mim dia após dia.
Percebo o quanto é inútil me confortar, ajustar a máscara de Mulher Maravilha, evocar o brilho nos olhos que se encantam com a falsidade de palavras envenenadas, obviamente ensaiadas, que estão presentes no meu repertório sem fim.
Conceitos foram despedaçados em tão pouco tempo, poderei eu colar os cacos que insistem em me ferir? Me pergunto onde se escondeu a expectativa deslizante, a euforia dançante, a fé cor de carmim...
Paixões da alma, emoção do espírito, será que a ilusão um dia há de vos entregar? Todos esses segredos presos, os desamores concentrados nesta massa dentro de ti. Liberte-os, garota! Não vos deixe aqui.
 Decisão imatura de quem se julgou tão especial. Mártir de sua própria crença, desisti de hesitar ao me manifestar. Mas algo não se pode negar.. além de todos os covardes de coração uma dama aceita ir, lutar por seu objetivo, abraçando o risco que se mostra em forma de brisa gélida por seus cabelos. "Vamos gozar dos covardes, aí."




Obs:. A última parte deste post foi escrita quando eu estava completamente dopada de remédios para dormir, por isso não faz muito sentido.  Mas decidi não apagá-la.. a semi-consciência pode revelar coisas interessantes...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

não precisa se preocupar.

Tenho medo de quando você faz os meus olhos brilharem demais, tenho medo de quando você desenha sorrisos com tanta facilidade no meu rosto cansado, tenho pavor da maneira como você me faz querer dançar, de quando me pega pela mão e giramos sem parar.
Não estou acostumada à essa escandalosa felicidade, comigo sempre tem de haver algo errado, começo a me preocupar, a pensar demais, a minha mente não para de analisar, procurar algo que não deveria estar lá. Mas não se preocupe, é só esse meu constante medo de me soltar, esse medo que me impede de dormir quando estou a sonhar.
 Não deixe que minhas inseguranças te deixem inquieto, elas fazem parte de mim, são cicatrizes de uma época que o tempo não pode apagar, não deixe que as minhas manias nos impeçam de dançar, de descobrir o que realmente é se apaixonar.

domingo, 1 de julho de 2012

um poema, um som, doentia canção.

Quando todas as luzes caóticas e o zumbido em seus ouvidos são silenciados pela manhã, as coisas ganham um novo contraste, uma outra iluminação. Você começa a ponderar decisões passadas, decisões futuras, todas aquelas decisões intocadas. Isso toma uma forma inesperada, que prende a sua atenção, arranha o íntimo de seu inconsciente, trazendo à tona tudo aquilo que você tentou esconder em vão.
Vislumbrar a figura borrada no espelho intensifica a vontade de ter em seu poder um vira-tempo que salve o que resta de sua sanidade, resgate hoje o que lhe provoca saudade, a pureza de uma canção.
O tempo lhe fez promessas de um futuro radiante, deslizante, utilizou-se de um poema, de um som. O som se transformou em um grito contido, dissimulando toda a sua contradição. Envolveu você com garras macias, sussurrando a melodia sedutoramente perturbadora que embala seus tão constantes pesadelos, essa doentia canção.


terça-feira, 26 de junho de 2012

a ponta de seus dedos carrega uma contradição.




Mãos. Mãos gentilmente firmes, mãos deslizantes, despreocupadas. Mãos. Mãos que analisam, distraidamente concentradas, mãos. Mãos experientemente ingênuas, que despertam, sensibilizam sob o toque, arrepiam, mãos. Timidamente sacanas, sussurrantes em sua natureza pacientemente ávida, mãos. Mãos que tocam a pele branca provocando suspiros na simplicidade de sua luxúria. Suas mãos.





terça-feira, 5 de junho de 2012

Intimidade de Verão


“     -  This is it Joel, it’s gonna be gone soon.
-        I know.
-        So, what do we do?
-        Enjoy it.   “


Sempre tivemos essa certeza, discorremos horas e horas sobre as possibilidades, até o momento em que decidimos ignorá-las e aproveitar essa fulgaz felicidade, essa compreensão mútua, o prazer da palavra.
Mas a realidade veio rápido demais, sem aviso, não pude me preparar. Por isso me pego constantemente sentindo saudades de todos os telefonemas trocados aos sussurros na madrugada, de brincar de Fausto e suspirar – muitas vezes rindo – em meio a todos os clichês, saudades de procurar insistentemente uma diferença de pensamento e depois de muito tempo declarar, com certa frustação, que somos iguais.
Mas apesar desse sentimento de saudade, sinto alívio ao saber que não existe um drama para ser reclamado, aceitamos de bom grado as novas fases entre nós, que chegam para nos fazer crescer. Celebramos agora essa saudade gostosa do nosso recente passado, com a certeza de um reencontro próximo para matar toda e qualquer curiosidade, compartilhar novas teorias, mais uma vez nesta ou em outra cidade.




What If



“  ‘What’ and ‘if’ are two words as nonthreathening as words can be.
But put them together, side by side, 
and they have the power to haunt you for the rest of your life.
'...what if?...what if?...what if?...'  
                                                         (Letters to Juliet)

Cada lembrança que é trazida à tona desperta um tipo diferente de nostalgia, mas o tipo de lembrança que mais dói ao ser remexida é a lembrança do que não foi, da oportunidade intocada, da chance que você desperdiçou por não ser obstinado o suficiente, aquela que foi embora enquanto você estava sentado no sofá.
Ficar se perguntando a que caminhos você poderia ter sido levado se alguma atitude tivesse sido tomada de maneira diferente, se tivesse sido olhada por um ângulo diferente, pode te mergulhar em um estado de torpor permanente, onde seus sonhos o envolvem e o afogam em um mar de ideias frustradas e escolhas mal correspondidas.
A agonia de ter a ciência que todas as falhas e dissabores que hoje se fazem presentes em sua vida são fruto de impulsos mal calculados, que não podem ser atribuídos à outra pessoa que não seja você, te arrasta continuamente pela borda da perspicaz e familiar depressão, que lhe estende os dedos, sedutora.
A cada volta do relógio você se sente mais impotente, acorrentado à impassibilidade que se instalou silenciosamente, sufocando com a densidade do ar. 




segunda-feira, 4 de junho de 2012

Tired Swing


Existe um certo conforto, uma comodidade em esperar. Mesmo afundando lentamente, a promessa de que alguém em algum momento vai lhe sacudir e lhe chamar de volta à razão faz com que você espere pacientemente, confortável ao afundar.
Não precisar escolher, ou escolher esperar é um estado tão acolhedor, que o abraço e o sinto em mim. Esse sentimento de cuidado me balança e me embala, talvez seja ele que me impede de me despedaçar.
Por isso gostaria de aproveitar este meu momento de inércia, deitar a cabeça e descansar, antes que venha o vendaval e me obrigue a levantar e lutar.



irmão.



Encarando a folha em branco, tentando entender sentimentos desconexos, comparando situações, tentando encaixar inutilmente esses pedaços de alma.
Entre nós nunca se fizeram necessárias as explicações, tudo estava lá e num olhar era entendido. Palavras se faziam cada vez mais desnecessárias, uma vez que um gesto carregava o significado de milhares delas, trazendo sorrisos e desgostos junto com o silêncio da cumplicidade.
Com o tempo, a distância se transformou em uma realidade fria, injusta. Sempre soubemos que este dia chegaria, mas o ignorávamos, fingíamos que nunca existiria. Mas silenciosamente essa distância se instalou, trazendo desgastes desnecessários, trancando vários sorrisos em um porão.
Mas se eles pensaram que uma pequena ventania iria desgastar-nos, com toda a certeza perderam tempo. Está tudo gravado aqui dentro, como os apaixonados gravam nas árvores iniciais entrelaçadas, está aqui dentro junto com todos os clichês não falados. Como já foi dito, essas algemas invisíveis permanecerão, porque nunca permitiremos a injustiça de separar dois irmãos.


Para Guilherme Gomes dos Santos.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

devaneio, desventura, um toque de loucura.


Estou sendo tragada lentamente, dissolvendo-me em doce fumaça, acompanhando o ritmo da tua respiração.

A contradição de ideias já inebriou a minha mente, mas decidi parar de me cobrar, parar de me preocupar, decidi segurar a tua mão, e deixar o curso da vida nos conduzir, deixar transbordar.

Ah, mas de maneira alguma posso ignorar o modo como odeio essa sensação de vulnerabilidade em que me coloca. Odeio a curva do sorriso irônico que pinta seu rosto antes de me beijar. Odeio o modo como consegue quebrar as minhas defesas, pelo simples fato de te odiar.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Conselho


Dissolvendo, desintegrando, corroendo, e todas essas coisas que acontecem enquanto algo acaba.
Essas coisas sempre acontecem comigo. Um sopro de vida, palavras sonoras e agradáveis, o brilho no olhar e depois, o nada. O vazio em minhas mãos só é preenchido pelo calor de uma xícara de café.
O sorriso que vem fácil, a alegria fulgaz, a sensação de sangue correndo rapidamente pelas veias. Tudo isso me traz de volta uma hora ou outra ao bonequinho de massa que sempre fui. A mente astuta que não se deixa enganar, mas que deseja se deixar levar, se aprisionar e viver mil contradições ao amar.
Se quiser um conselho, vou lhe dizer: não me tire do limite da razão, não permita nem por um segundo que eu saia da beirada do abismo, não deixe aliviar a pressão, me irrite, me enlouqueça, dance comigo por noites e noites sem deixar que o dia amanheça. Pois com ele vem a calmaria que turva a minha visão, me envolve em névoa fria, devolvendo meus pés ao chão. 

Pobre Rapaz


 Essas múltiplas personalidades brincam e fazem cócegas em seus pensamentos, sussurram e riem de você. Essas crises te fazem chegar à beira da loucura, você não sabe mais qual personalidade escolher. Acreditou a vida toda ser quem queria, fazer o pretendia, gabando-se do seu maravilhoso ser. Sente até medo de se descrever e mentir ao fazê-lo, como tantas vezes o fez, achando ser Alice, quando não passava de um mero coelho.
 Olhe para dentro de si. O que você vê? Esse buraco vazio, você vai encher de quê?
 O que fazer com as contradições que se teceram ao seu redor? Sei que só gostaria de ter a chance de escolher, experimentar novamente o gosto de poder ser inconstante, flutuante e não poder.
 Tornou-se apenas um personagem sem contraste, alguém por quem se passa direto, sem nem ao menos julgar. É irônico pensar que só queria ser diferente, gritou a plenos pulmões que nunca iria se igualar, acreditou que poderia manter-se motivado, em constante movimento, ajudando o mundo a girar. Pobre rapaz.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Soapy Heels


E lá se encontra ela, patinando pelo ensaboado de sua mente, deslizando pela borda de novas idéias, novamente em movimento. Cada giro faz o tempo passar mais devagar, fazendo o sorriso aparecer sem precisar se preocupar. Ela está descrevendo novas formas a cada instante e se encantando com as possibilidades que lhe acenam ao passar. A compreensão se faz dispensável agora que as cores inspiram sentimentos, se misturando ao vento, fazendo-a dançar.