domingo, 1 de julho de 2012

um poema, um som, doentia canção.

Quando todas as luzes caóticas e o zumbido em seus ouvidos são silenciados pela manhã, as coisas ganham um novo contraste, uma outra iluminação. Você começa a ponderar decisões passadas, decisões futuras, todas aquelas decisões intocadas. Isso toma uma forma inesperada, que prende a sua atenção, arranha o íntimo de seu inconsciente, trazendo à tona tudo aquilo que você tentou esconder em vão.
Vislumbrar a figura borrada no espelho intensifica a vontade de ter em seu poder um vira-tempo que salve o que resta de sua sanidade, resgate hoje o que lhe provoca saudade, a pureza de uma canção.
O tempo lhe fez promessas de um futuro radiante, deslizante, utilizou-se de um poema, de um som. O som se transformou em um grito contido, dissimulando toda a sua contradição. Envolveu você com garras macias, sussurrando a melodia sedutoramente perturbadora que embala seus tão constantes pesadelos, essa doentia canção.


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